segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Solo Sax Barítono

Olá amigos do Blog,

Estava olhando alguns vídeos que gravei e lembrei de um recente, no qual toco sax barítono, com solo inclusive.
Chama-se "Poeira nos Olhos", do novo trabalho do Nasi (ex Ira!).


Estava ao lado de um dos meus queridos amigos e referência musical, o "incrível" Manito, que tocou o sax tenor.
É um solo rock, sem edições ou cortes, tudo foi gravado ao vivo e ter a oportunidade de fazer aparecer um instrumento geralmente utilizado em naipe foi muito interessante para ter a idéia de como soa como solista.
Atuei bastante nesse universo pop, além do erudito e jazz, portanto é como estar em casa, gosto de tocar rock e usar o barítono, que é uma das paixões de todo saxofonista!

Ficha técnica:

Faixa 15: Poeira nos Olhos
Composição: John Coltrane / Nasi

Nasi - Voz
Johnny Boy - Contra-Baixo e Backing Vocal
Nivaldo Campopiano - Guitarra e Backing Vocal
André Youssef - Piano Fender Rhodes e Backing Vocal
Evaristo Pádua - Bateria e Backing Vocal
Manito: Sax Alto
Rodrigo Bento: Sax Barítono
Ivo "Mineiro": Trompete
Osmar de Aguiar: Trombone
Todd Murphy: Trombone e Arranjos de Metais
Dinho Nascimento: Percussão
Gabriel: Percussão
João: Percussão

Gravação: Roy Cicala e Apollo Nove
Mixado por Roy Cicala no SA Plant
Imagens: Reticon Filmes
Direção de Tiaraju Aranovich e Gunther Mittermayer
Produzido por Nasi e Vagner Garcia
Gravadora: Coqueiro Verde Records

Exercício para Velocidade 1

Como sei que muita gente gosta de tocar coisas difíceis e, por vezes, não está com a técnica em dia, resolvi postar um exercício interessante, que vai ajudar a todos que querem executar passagens rápidas com mais facilidade.
Retirado do livro de Carlos Averhoff (célebre saxofonista cubano, integrante original do grupo Irakere), chamado "Chromaticism, Rhythm & Synchronism for Saxophone and Woodwinds", trabalha diversas situações de dificuldade em cromatismo (intervalos de meio tom sucessivos), além de articulações em quatro variações para cada exemplo. A-B-C-D, demonstradas no alto da primeira página.












O autor sugere o início em semínima = 72, em semicolcheias.
Deve-se aumentar o andamento apenas quando o trecho estiver bem executado, sem falhas de som, ataque, etc. Outra coisa interessante são as indicações de uso da chave do F# médio (primeira e segunda oitavas), chamando-o de alt.
Eu sugiro a seguinte prática:
Nas duas primeiras articulações (A-B), pode-se utilizar o som real, enquanto que, nas demais (C-D), aplica-se o chamado subtone (sonoridade típica do jazz, caracterizada por um movimento na mandíbula e lábio inferior, que confere um timbre com bastante presença de ar, muitos o chamam de "fumaça", comum na execução de saxofonistas mais antigos, como Coleman Hawkins ou Ben Webster).
Logo abaixo, na segunda página, uma sugestão do próprio autor, para a prática de todos os exemplos anteriores uma oitava acima, ou seja, em alguns casos chegando ao registro super agudo.
Um bom teste de paciência e bom humor para os vizinhos... (rs)
Sobre isso (super agudos), escreverei um post específico.
Bom estudo!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

DUO- Pixinguinha "Chorei"

Aos amigos do blog, ofereço um presente.
Para quem gosta de Pixinguinha, uma obra menos conhecida do mestre, com arranjo de autor desconhecido para 2 saxofones.





São duas partes, a da melodia e o contra-canto, escritas à mão, extraídas do arquivo pessoal do amigo e saxofonista Alef Mansur, de Bom Jardim-PE.
Espero que gostem e toquem muito!
Abraço,

Rodrigo Bento.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Intervalos

Tocar o saxofone requer domínio técnico na produção e qualidade do som.
O caminho entre as notas é conhecido como intervalo. Quanto maior for esse intervalo, mais atenção e controle serão necessários para executá-lo.
Um ótimo exercício é este:




Extraído do célebre método de H.Klosé, com intervalos de sétima, ajuda a desenvolver a coluna de ar, trabalhando articulação (na linguagem musical, significa variação entre o ligado e separado= legato/staccatto, em italiano). Além disso, fica bem evidente o uso da chave de oitavas, essencial recurso do instrumento, usado na maioria dos trechos musicais que o saxofonista irá encontrar.
Tente praticar sem realizar movimentos com a mandíbula ou o lábio inferior, no contato com a palheta. Apenas a coluna de ar deve se movimentar, através da garganta.
Os estudantes que utilizam boquilhas mais fechadas têm mais facilidade para executar o exercício, porém, é interessante que todos o façam, pois isso servirá para atingir um controle total da afinação e timbre, entre as diferentes regiões.
Para quem possui um afinador, é importante decorar o exemplo e seguir observando o ponteiro do mesmo, tentando mantê-lo o mais centralizado possível, com mínimas variações de posicionamento, respeitando, é claro, a coluna de ar, que varia suavemente durante a execução.


A Aprendizagem e Dedicação no Estudo

Tenho visto, principalmente na internet, muitas "promessas" que envolvem sucesso rápido e imediato na execução do saxofone e outros instrumentos de sopro.
Me preocupa muito ler posts que contêm frases do tipo:
"toque uma música em 30 minutos", "saia tocando na primeira aula", entre outras.
Bem, o fato é:
Não existe sucesso sem algum tipo de sofrimento!
Pode parecer algo do tipo "Karate Kid", mas é certo que (para quem assistiu ou não ao filme), mesmo com algum exagero, a máxima continua a funcionar.
Quem se propõe a estudar um instrumento, deve saber que será necessário dedicação e paciência, principalmente no caso dos sopros ou cordas friccionadas (violino, cello, viola), pois trata-se de construção do som, desenvolvimento de um timbre próprio primeiro, para, depois, começar a tocar efetivamente.
Os exercícios de notas longas, treino de embocadura, flexibilidade e golpe de língua, são pilares e fundamentos para os futuros instrumentistas.
Eu estudo notas longas todos os dias, exigindo em dinâmica (que, em linguagem musical, quer dizer variação na intensidade ou volume de som), clareza, enfim, qualidade sonora para executar trechos musicais.
Engana-se quem pensa que, em pouco tempo, sairá tocando de tudo, com qualidade e boa execução.
Porém, ao dedicar-se com disciplina e respeito pela técnica, começa a perceber a evolução e entende o porquê de tantos exercícios e horas de estudo.
Claro que não se pode exigir de alguém que o faz por hobby a mesma dedicação e intensidade que a de um futuro profissional.
Existem planos de aulas que devem ser adaptados individualmente, para que o sucesso ocorra de acordo com a disponibilidade e interesse de cada estudante.
Entretanto, "prometer" sucesso imediato é, no mínimo, má fé.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Palhetas Rico Reserve 3.0 para Sax Soprano














Assim que recebi uma caixa de palhetas Rico Reserve 3.0 para sax soprano, percebi como são idênticas as características entre elas e as de sax alto, que já havia experimentado. Além disso, na mesma caixa ( a de soprano 3.0 ), a semelhança entre as palhetas também é muito grande.
A Rico Reserve 3.0 é bastante confortável, tem muito corpo de sonoridade e mantém perfeitamente a afinação, em um instrumento já conhecido por ser difícil nesse aspecto.
São fabricadas  a partir dos nós intermediários da parte inferior da cana, onde a densidade é maior. Somente 5% das palhetas passa pelas normas de qualidade para se tornar a Reserve . Possuem corte francês, feito por lâminas de diamante, que não perdem o fio após sucessivos cortes. As palhetas ainda vêm protegidas em sua caixa, por um sistema de controle de umidade que as mantêm  em boas condições desde a fábrica até o consumidor final e ajuda a não “ondular” a ponta das palhetas após o uso, de um dia para o outro, por exemplo.
Procurei tocar em todas as 5 palhetas para poder fazer uma análise segura. Coloquei-as em um copo com água por cerca de 5 minutos e fui tocando um pouco com cada uma. Sempre exemplos musicais idênticos, exigindo um pouco mais nos saltos longos de intervalos e variação de dinâmica.
Fiz o teste com um afinador de campana e o resultado foi muito bom. Variações mínimas no ponteiro do afinador, dentro da normalidade.
O timbre também é muito bom, já conhecia as Rico Reseve para sax alto e, as de soprano seguiram na mesma linha. Som claro, sem interferências ou sobra de ar, em todas as 5 palhetas. Soam bem para popular ou erudito. Testei com uma boquilha Morgan ( mais fechada ) e com a boquilha que sempre uso para popular, uma Norberto modelo Dave Liebman, bem aberta, além de uma Selmer de metal e a Vandoren S25. Em todos os casos, a afinação se manteve boa.
Utilizei alguns palybacks e toquei em uníssono, obtendo um ótimo resultado.
Continuei os testes e notei que a durabilidade também é uma característica interessante, além de perceber que o sistema de controle de umidade funciona como descrito na embalagem. As pontas das palhetas não “ondularam”  e estas ficaram prontas para o uso na próxima vez.
Gravei com o soprano, um arranjo com trompete com surdina e flugelhorn e a afinação estava impecável, além da qualidade do timbre.
Trata-se de uma palheta muito equilibrada e de boa durabilidade, além de timbre e afinação, com uma embalagem e sistema de conservação perfeitos.

Texto publicado na revista Sax&Metais

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Arte do "Refacing"

A boquilha ideal talvez seja o equipamento mais difícil que um saxofonista poderá encontrar.
Desde o tipo de material (massa, metal, ou madeira), até o estilo da câmara, passando pelo "baffle" (rampa)...
São tantas opções que, por vezes, ficamos confusos, tornando ainda mais dura a escolha correta.
Hoje em dia (desde o meio da década de 90 do século passado), nota-se um retorno ao som "escuro", com boquilhas de câmara larga, podendo-se destacar as antigas Otto Link, fabricadas entre as décadas de 30 e 70 do século XX, além das Dukoff em massa e metal, dos anos 1950, ainda produzidas em Hollywood, antes da mudança da fábrica para Fort Lauderdale, na Flórida, onde, até hoje são produzidas, porém, com design externo, material e câmara completamente distintos das versões mais antigas.
Muitas dessas boquilhas possuem o padrão de abertura seguindo os princípios antigos, ou seja, bastante fechadas, se comparadas ao que utiliza-se atualmente. O timbre é aquele que sempre nos despertou interesse, porém, ao tocar em uma delas, percebemos que a abertura é muito pequena. Era comum até os anos 1950 referir-se ao número 5 como "very open" (muito aberto)!






Existe uma arte, conhecida em inglês como "refacing" (o que se pode aproximar ao português como sendo uma reconstrução de face), muito pouco difundida e conhecida entre os saxofonistas, que, se praticada por um grande luthier (ou artista), resolve definitivamente qualquer problema em relação a abertura, mesa, calibragem de trilhos laterais, etc.








Um bom "refacing" não deve alterar as características originais da boquilha, ao contrário, deve fazer sobressair aquilo que a fez famosa, porém, adaptando-a ao gosto pessoal do músico, podendo também, acrescentar projeção e volume ao som.







A medida de abertura se dá em milímetros, o que, depois, é convertido naquela numeração que conhecemos mais, entre 5 e 10, por exemplo. Entretanto, nem sempre aquilo que está marcado no corpo da boquilha corresponde ao que deveria ser o número correto a ser estampado. É aí que entra o serviço de um luthier experiente.
No Brasil, temos o Norberto como melhor opção para esse fim. Tive oportunidade de experimentar boquilhas "mexidas" por figuras conhecidas internacionalmente, como Brian Powel, Johannes Gerber e Dave Guardala. Posso garantir que o trabalho do Norberto em nada deixa a desejar, frente aos estrangeiros, mas ainda não é popular no nosso país.
O "refacing" é a melhor opção para chegar ao timbre desejado, ou mesmo consertar uma boquilha quase "perdida", por quedas, impactos em geral. Além disso, podemos adquirir uma Otto Link atual e "transformá-la" em uma antiga, sempre deixando claro que não é qualquer pessoa que está apta a realizar esse tipo de serviço, pois, se mal executado, pode estragar definitivamente a boquilha.

Links relacionados:

http://www.jgerber.com/

http://www.mojomouthpiecework.com/

http://www.ezmpc.com/

Contato Norberto:

+55(11)20632186

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

RESPIRAÇÃO CIRCULAR OU CONTÍNUA

Um assunto muito discutido entre os instrumentistas de sopro, porém ainda pouco explorado e divulgado. Assim podemos definir a chamada respiração contínua ou circular.
Talvez o ícone dessa técnica na música popular mais atual seja mesmo o Kenny G, que entrou para o Guinness Book ao sustentar uma mesma nota por um período ultra prolongado durante um show ao vivo. Além dele, temos Harry Carney, sax barítono da lendária orquestra de Duke Ellington, que já utilizava o recurso há décadas.
Instrumentistas de sopro eruditos já conhecem e dominam há muito tempo esse artifício, executando peças como Moto Perpetuo (Paganini), Caprice (Eugene Bozza), entre outras, sem parar para respirar em momento algum, atraindo a atenção e admiração de platéias mundo afora.
A técnica consiste em sustentar a coluna de ar sem interrupções entre a emissão das notas e uma próxima repiração, mantendo uma nota ou trecho de notas sem qualquer variação durante a execução, sem a necessidade de parar para respirar e continuar, como normalmente ocorre.
Uma boa maneira para iniciar o estudo é utilizar um copo com água pela metade e um canudo mais grosso. Não há necessidade de utilizar o instrumento nessa primeira fase.
Iniciamos a prática apenas soprando com o canudo para observar a formação das bolhas na água, que serão muito importantes para saber se a técnica está sendo bem aplicada. (as bolhas não devem parar enquanto sopramos com o canudo e ao inspirar)
Naturalmente, evitamos inflar demasiadamente as bochechas ao praticar o instrumento, porém, nesse caso, será extremamente necessário utilizá-las como uma espécie de concha para armazenar o ar que vem pelo diafragma e funcionar como uma bomba propulsora ajudando a expulsar esse ar com muita velocidade, enquanto inspiramos novamente.
Parece mais complexo do que prático, mas é exatamente o que ocorre. Por isso, deve-se sempre observar a formação das bolhas na água, para ter certeza de que há um fluxo e um contra fluxo na respiração.
Comece sempre depois de inspirar profundamente e observe as bolhas, enchendo gradativamente as bochechas, até uma concentração confortável de ar. Nesse momento, é necessário imaginar que o ar que já está comprimido pelas bochechas deverá ser levado rapidamente ao céu da boca, para que haja a troca, através da nova respiração, o que permite fazer o processo de renovação do ar sem que haja prejuízo para a execução.
A troca é extremamente rápida e necessita de controle do diafragma, que também funciona como propulsor durante o processo de saída do ar, fazendo com que a coluna mantenha-se perfeita para sustentar a nota ao mesmo tempo em que inspiramos.
Após o treino com o copo, água e canudo, passamos para o instrumento. Sempre é bom iniciar com notas no registro médio, mesma região na qual começamos a estudar o sax, trompete, flauta, clarinete, etc.
Andamento lento (semínima=60), tocando semibreves, ligamos duas notas e tentamos aplicar a técnica entre o quarto tempo do primeiro compasso e o primeiro tempo do segundo. Sempre ocorre uma falha na ligação nas primeiras tentativas, o que é perfeitamente compreensível. A prática levará a um nível bem avançado de execução, diminuindo o intervalo entre as trocas de ar.
Aos poucos, começamos a treinar com frases maiores, em diferentes andamentos e divisões rítmicas, sempre legato e aumentando e diminuindo a dinâmica.
O ideal é ouvir uma nota sem emenda com a próxima, como se fosse um órgão ou violino, por exemplo.
Lembre-se que trata-se apenas de um artifício a ser utlizado para dar mais colorido e tornar a música, principalmente trechos mais rápidos e de virtuosismo, sem interrupções e com mais fluidez.
Muitos grandes instrumentistas (a maioria, aliás), nunca utilizaram essa técnica em gravações ou apresentações ao vivo, por não ser de extrema necessidade para os instrumentos de sopro. Porém, entender e dominar uma nova técnica é sempre uma boa perspectiva para o músico e enriquece a sua performance.
Coloco-me a disposição para esclarecer dúvidas e ministrar aulas sobre este assunto pelo email: bentosax@hotmail.com, ou no espaço EBANO-CLASS, onde haverá workshops presenciais sobre técnicas e assuntos relacionados a todos os instrumentos de sopro.



Texto publicado na revista SAX & METAIS, que não está mais em circulação.


Links relacionados:


http://www.youtube.com/watch?v=C4cIEdsqty4
(Dilson Florêncio)




http://www.youtube.com/watch?v=VHU5prfN_4g
(Harry Carney)